É Outono. Enquanto as pessoas estão tirando as folhas de frente de suas casas, estou arrumando as malas para me mudar pra Las Vegas. Estamos nos mudando porcausa do trabalho da minha mãe, Lorenah Green, que está casada com meu pai John Green.Meu pai é o patrão dela, então eles vivem levando assuntos sobre o trabalho pra casa, acho que é por isso que eles vivem discutindo, e depois se falam como se nada tivesse acontecido. E eu, sou Rachel Green, mas prefiro que me chamem de Ray, deve ser porque meu nome parece com os daqueles seriados de tevê, que cantam e dançam por todo o colégio.Eu não consigo me dialogar, eu não costumo comentar coisas que acontecem na minha vida. Gosto bastante de florestas, ar livre, sem pessoas que te julgam ou zoam você pelo o que você é. Mas falando em colégio, vou para um lugar chamado "Vegas Univesity" um colégio novo, com pessoas novas. Digamos que ainda não estou preparada pra isso, ainda mais por um problema. Eu sou Muda . E as pessoas levam um bom tempo para se adaptar comigo, inclusive eu mesma. Meus pais fazem o melhor possivel pra eu me sentir "Igual" à todos, o problema é que eu não me sinto e nunca vou me sentir. Uma adolescente com 16 anos normalmente saíria com os amigos e iria a festas. Qualquer uma, menos eu. Eu não queria me mudar, minha vida já estava feita ali, e demorou um pouco para me adaptar. E agora vou ter que me mudar. De novo. As malas estavam prontas para o dia seguinte, para o idiota dia seguinte.
Eles levantaram cedo, já eu , fiquei na cama fingindo estar dormindo pra ver se me levavam no colo para re-lembrar os 6 anos de idade. E não funcionou. Fomos de carro, mais ou menos uns 30 km, e nesse caminho todo fiquei olhando pela janela, e pensando como seria o meu primeiro dia naquela cidade, seria bom, mal, ruim, péssimo. Sim, eu só via um lado positivo, casa maior. Eu ficava imaginando o pessoal fazendo piadinhas sem graça no colégio como no ensino fundamental. Eles me azucrinavam, jogando bolinha de papel, e me chamando de "Hello Kit" apesar de ela falar nos desenhos. Mas tentei ficar sem pensar nisso o máximo de tempo possível. Chegamos no aeroporto, e assim no avião. Nos bancos ao meu lado, havia um garoto, que parecia ter a minha idade, e era bonitinho. Quando sentamos no banco minha mãe perguntou:
-Você quer sentar na janela?- eu fiz não com a cabeça e olhei para o garoto- Ah entendi!- disse ela.
Quando me sentei na cadeira perto do corredor, meu pai disse para eu colocar as malas naquele lugar em cima das cadeiras. Com cara feia eu coloquei. E então o menino esbarrou em mim:
-Desculpe -disse ele- Eu sou Kenam, e você ? - se sentando.
Eu fiquei sem ação, mas conesegui gesticular o nome "Ray". Ele demorou um pouco para entender, mas enfim, entendeu. Ficamos o resto da viagem sem se falar. Até porque eu não queria puxar assunto, eu não consigo falar.
Enfim, Las Vegas. Saímos do avião, e fomos pegar as malas. Quando fui pegar minha mochila, vi um garoto estranho atrás de uma das colunas do aeroporto. Ele ficou olhando pra mim algum tempo. Eu desviei o olhar, mas quando olhei de novo, ele não estava mais lá. Fiquei imaginando se era coisa da minha cabeça, mas não liguei muito para isso. Pegamos um taxi. Fiquei olhando pela janela aquele lugar, tenho que admitir, era lindo. Mas logo chegamos em casa. Ela era bem bonita, e já estava pronta. Meu pai havia ido lá para arrumar tudo. Subi as escadas para ver o meu quarto.Ele estava roxo,havia uma mesa de computador, e alguns Puffs.A parede estava grafitada, uns desenhos abstratos, que para mim não faziam sentido. Simples, mas maneiro. Guardei minhas coisas, e desci, estava morrendo de fome. Acredita que numa viagem de 3 horas,a comida é uma barra de cereal ? Eu desci, e preparei um sanduíche, com queijo , tomate e katchup. Quando fui dar a primeira mordida minha mãe chamou. Tá, talvez eu possa comer depois:
-Ray, venha aki, os vizinhos querem te conhecer.-disse ela
Então abri a porta. Os vizinhos eram apenas duas pessoas, um casal. O Mr.Duff, tinha uma barriga grande, uma barba branca e careca.Usava óculos de surfistas, vai ver ele era um.Os olhos deles eram fundos com uma bola de gude. Me chamava bastante atenção. Mas ele parecia mesmo era com o Papai Noel. Isso ficará um ótimo apelido para ele. A Sr.Duff, tinha o cabelo branco e curto, encaracolados como uma boneca, óculos redondos igual das vovós dos Contos de Fadas. Seus olhos brilhavam como diamantes. Eu fiquei indignada com aquele casal, de verdade.
-Olá Rachel... Óh desculpa, Ray não é?-Disse a Sr.Duff
Fiz sim com a cabeça e sorri.
-Você é uma garota bem bonita, gostei do seu estilo, bem rock and roll.- Disse o Mr.Duff fazendo sinal de rock.
Todos riram.
-Quando vocês quiserem vir aqui ficar conosco, só avisar. -Disse minha mãe para o senhor e senhora Duff.
Me despedi e entrei. Acabei de comer meu lanche e subi para mecher nas coisas. Sério, aquele grafite me assustava, me deixava confusa, por mais que eu tentasse não conseguia desvendar aquilo. Sentei na cadeira da mesa do computador, e fiquei pensando como seria passar o natal ali com o Papai Noel e a Vovózinha . Como eu iria me adaptar ali, naquele lugar frio e quente ao mesmo tempo? Eu só esperava que o final do ano passasse rápido, rápido como um piscar de olhos ou na velocidade da luz. Eu só queria enfrentar a escola logo e acabar com a agonia.
Dia seguinte, 10 de dezembro,fim do outono. Acordei com a luz do sol batendo no meu rosto. O sol brilhava pela janela, mas ele era gelado como se estivesse nevando.Olhando pela janela não havia niguém às 9:00 hs da manhã. Me vesti, e desci. Minha mãe já estava de pé preparando o Café .
-Bom dia filha !-Falou minha mãe. Eu sorri para ela.
-Os Senhores Duff gostaram de você, pediram até para ir visita-los. -Disse meu pai.
Eu sorri e fiz sim com a cabeça, o Papai noel e a vovozinha até que eram legais ! Estava passando noticiário na tv, mortes e mais mortes sem causas, eu estava ficando realmente com medo daquele lugar.
-Consegui uma bolsa para sua escola, 50%. Não é muito mas dá para ficarmos felizes.-Minha mãe disse.
-Só você né querida?! Com o valor daquela escola, dá pra fazer um shopping - Disse papai. Mamãe riu.
O celular tocou. Era do trabalho, Lorenah atendeu. Ela ficou conversando com uma voz de felicidade como se estivesse ganhando um aumento, ela trabalhava como jornalista, escrevia nos jornais sobre "Coisas Superinteressantes" que na verdade eram péssimas,pelo menos para adolescentes como eu. Papai me deu o lanche com aspecto feliz.
-Eu que preparei, eu sei que você gosta mais da minha comida doque a da sua mãe. -Eu sorri e ele também. Era verdade que eu amava a comida do meu pai, era molhada como se sempre tivesse um molho, já a da minha mãe era seca, como se nem tivesse colocado água. Mamãe desligou o telefone.
-Eles querem que eu escreva sobre o número de mortes dessa cidade ! - Minha mãe adorava escrever sobrecoisas de terror,mortes... coisas do tipo. Isso eu puxei a ela.
-Que bom amor.- Disse meu pai com voz de desinteressado.
-Aé, obrigada. - disse Lorenah assanhando o cabelo de John.
Eu sorri mais uma vez.
-Filha porquê você não vai ver se tem algum vizinho "interessante" ? - Disse mãe com um sorriso no rosto.
- Que negócio é esse Lorenah? Vai deixar ela sair por aí sozinha e... -
Eu sorri, me levantei e saí de casa. Meu pai ficou olhando para porta com uma cara boba. Mamãe sorriu para ele e continuou cortando os vegetais para o almoço. Sim, Lorenah sempre começava a fazer o almoço depois do Café da Manhã.
Na rua, ninguém interessante, algumas garotas dando em cima de alguns garotos, coisa típica delas nessa idade. O senhor e as senhora Duff estavam na varanda de mãos dadas. Muito fofos. Resolvi dar um Oi pra eles. Quando fui andando, os garotos mecheram comigo.
-Que saúde hein?!
-Volta aqui princesa.
As garotas chingaram eles e me olharam em torto. Nem liguei e continuei indo a casa do Papai Noel. Chegando lá acenei para eles, e eles sorriram e disseram:
-Que bom que você veio menina! - Disse o senhor Duff
-É verdade porque você não entra hein?! -disse ela
Eu sorri.
-Então vamos!
A casa deles era bem coisa retrô mesmo, mas não era como toda casa "de velho" , tinha várias coisas da moda lá, como cadeiras de ferro com estofado de camursa, a parede era cor de vinho com várias fotos por todo lugar. Quando virei, levei um susto, em uma parede, de frente para a mesa de jantar havia várias cabeças de animais pendurados com o ano em baixo. Como a pessoa pode comer vendo animais empalhados ?
-Bom, eu caçava!-disse sorrindo- percebeu né? - eu olhei com uma cara de medo para ele - Aqui havia muitos animais , mas com o tempo veio desaparecendo. E foi tão rápido que nem acredito que tenha sido a caça que fez eles entrarem em extinção por aqui. É como se tivesse alguma coisa a mais...
- Ah Gerald, você com suas teorias !
Eu não acreditei na senhora Duff, acho que ele estava certo. Algo me dizia que aquilo era verdade, não sei oque, mas eu sentia .
Eles me convidaram para almoçar, eu aceitei. Também quem resiste à Strogonoff de Carne.
Tenho que admitir, a comida dela era bem melhor doque da minha mãe. A Sheila, senhora Duff, me disse que colocava um tempero a mais, por isso ficava melhor. Eu escrevi para ela, para que ela fizesse a Ceia de Natal. Ela sorriu. E eu tentava não olhar para os animais na parede, era horrível comer olhando para aquilo. Depois que agradeci, fui para casa.
Cheguei em casa, e minha mãe já foi me perguntando onde eu tava e porque não almocei, apontei para a porta, a Sheila estava lá, então fui ao meu quarto. Arrumei as coisas da escola, apesar de eu só começar a estudar só no ano que vem. Bem, faltavam poucos dias para o natal, estava feliz para aquele ano acabar logo!
Os dias seguintes foram todos iguais, assistir Tv , ir a casa dos vovôs, garotos me deixando com raiva e mamãe e papai felizes pelo trabalho. Eu achava que só eu mesmo estava meio triste naquele lugar, pelo menos é como eu achava que me sentia.
24 de dezembro, algumas horas para o natal, estavámos todos arrumando as coisas para Ceia, e Sheila cozinhando meu Strogonoff, ela sorria para mim e eu de sorria de volta. Quando tudo acabou, sentamos na mesa, e o Gerald ficou contando histórias de suas aventuras para nós. Então no ano novo, antes da meia-noite, eu olhei para o céu na varanda e pensei em tudo que poderia acontecer, e queria que fosse tudo bem! Meia-noite, fogos de artificio. Eu sorri, como se aquilo fosse sido uma resposta. Meu pai saindo correndo que nem louco para me abraçar.
-Feliz ano novo filha! Uhu- minha mãe me deu um beijo em seguida.
-Vamos pegar um drink, vamos logo - disse minha mãe chamando meu pai.
Eu continuei na varanda, olhei para a casa do senhores Duff, eles estavam abraçados vendo os fogos, a Sheila entrou para pegar o telefone e Gerald assenou para mim, assenei de volta.
Apenas dias para ir a escola estranha, apenas dias.
Adorei!
ResponderExcluirNunca tira essa historia porque eu amei... Vou botar no meu blog, para fazermos parceria...
ResponderExcluirBoa, amei a história.
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